Magda “Let’s drill, baby” Chambriard disse que a petroleira atendeu à última exigência do órgão para a licença do bloco 59 no fim de março e3z3h
Desde que concluiu as obras do centro de tratamento da fauna em Oiapoque, no extremo norte do Amapá, no início de abril, a Petrobras diz que cumpriu a última exigência do IBAMA para obter a licença para o poço de petróleo que quer perfurar no bloco FZA-M-59, na foz do Amazonas. O órgão ambiental, porém, não confirma essa “certeza”.
Ainda assim, a empresa vem cobrando sistematicamente o IBAMA. Chegou a “sugerir” uma data para que a vistoria ocorresse – 7 de abril. Depois, deu uma espécie de “ultimato” para que o órgão se manifestasse até ontem (15/5), autorizando o deslocamento da plataforma que escolheu para perfurar o poço.
Mas, para a presidente da Petrobras, Magda Chambriard, enviar 4 cartas ao IBAMA em cerca de um mês não é pressão sobre o órgão ambiental, mas “uma resposta”. Foi o que ela disse à Miriam Leitão em entrevista na Globonews, cujos destaques a jornalista tratou em seu blog n’O Globo.
“No ano ado, nos comprometemos a entregar as últimas exigências do IBAMA. A última foi mais um centro de despetrolização da fauna, agora no Oiapoque [o outro é em Belém, a 800 km do bloco 59], que foi autorizado pelo instituto ambiental amapaense. Como entregamos tudo logo no início de abril e estamos em maio, toda semana avisamos ao IBAMA: ‘Olha, está tudo pronto aqui’”, disse a executiva.
Segundo Magda “Let’s drill, baby” Chambriard, as comunicações ao órgão ambiental são apenas para “avisar” que estão prontos para a fiscalização e que “atenderam todas as exigências”, relatou o Valor. “E o IBAMA tem que nos fiscalizar enquanto autorizador”, lembrou ela. É fato. Mas a presidente da Petrobras “só” esqueceu que o momento em que isso ocorre é prerrogativa da autarquia, não do fiscalizado.
De acordo com a Agência Infra, a última carta foi enviada à Rodrigo Agostinho, presidente do IBAMA, na 2ª feira (12/5). No documento, a Petrobras “lembra” o órgão de marcar a avaliação pré-operacional (APO), simulado de vazamento no bloco 59 e última etapa antes da concessão [ou não] da licença, até 15 de maio. Além disso, o gerente-executivo de Segurança, Meio Ambiente e Saúde da petroleira, Flaubert Matos Machado, cobrou que o órgão se manifestasse para que a empresa iniciasse os preparativos para deslocar a sonda de perfuração.
Na carta, a Petrobras informou ainda que realizou um simulado interno, entre 6 e 8 de maio, no centro de fauna no Oiapoque, e o resultado comprovou o atendimento ao tempo de resposta previsto no manual de boas práticas do IBAMA. Essa simulação foi feita pela equipe da petroleira, lembrou o Valor.
Em coletiva sobre os resultados da Petrobras no 1º trimestre, Magda disse que “é muito difícil” que a licença não saia em uma “região tão carente”, destacou a CNN. Essa narrativa é batida entre os defensores da exploração do petróleo no Brasil “até a última gota”. Mas o histórico da indústria fóssil prova o contrário, como lembrou Marcos Pedlowski, da Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF).
“A justificativa para a exploração petrolífera de uma área de alta importância socioecológica é a alegação manjadíssima de que a renda do petróleo extraído na foz do Amazonas será revertida em desenvolvimento de uma nova matriz energética e na superação da pobreza. Como habitante de um dos primeiros municípios a usufruir dos benefícios da Lei de Petróleo, que gerou bilhões em rendas municipais, sou testemunha ocular de que a exploração do petróleo não aliviou em nada os níveis de pobreza, servindo apenas para aumentar a já indecorosa concentração de riquezas que existe no Brasil”, reforçou, em artigo na Nova Democracia.