Eu não acreditava que o papa fosse ser diferente de seus predecessores, mas ele foi 2r2l18
Quando Bergoglio foi eleito papa, eu não curti. Não que tivesse algo a ver com a história – não sou nem católico, muito menos cardeal, a escolha não era assunto meu. Mas tinha tomado contato com os boatos sobre sua colaboração com a ditadura argentina, que, ainda que nunca tenha sido confirmados, contribuíram para me fazer desconfiar dele. As atitudes que tomou no início do pontificado, como se recusar a habitar o palácio que lhe era destinado para continuar vivendo em um pequeno apartamento ou viajar na classe econômica de aviões de carreira, me pareciam jogadas de marketing. O medíocre filme propagandístico de Fernando Meirelles sobre os dois papas só reforçou essa impressão. Depois dos longos anos de Wojtyla e de Ratzinger, parecia que a igreja nunca seria nada além de um bastião do conservadorismo, com seu setores progressistas fadados ao ostracismo. Bergoglio parecia para mim ser um Wojtyla mis au jour: um reacionário com face humana, adaptado ao tempo das redes sociais. (mais…)